Thiago Pagano: Porque é tão importante buscar sempre novos aprendizados no COMEX
É visto que no cotidiano e acompanhando por certo tempo a área de comércio exterior, as mudanças na área e principalmente nos serviços aduaneiros passaram por grandes fases, onde saímos da chamada “idade da pedra” e estamos na “revolução industrial”, em uma comparação com as Eras que a civilização passou.
Em outras palavras, os serviços aduaneiros mudaram e evoluíram muito, passando por grandes mudanças em tão pouco tempo.
Um exemplo claro disto é o próprio Siscomex, que antigamente como todos os programas de computador, era pesado e exigia do operador cursos e mais cursos. Hoje em dia, o mesmo é apenas uma página na internet ligada a Receita Federal.
Os serviços aduaneiros também mudaram muito, como por exemplo, o Siscoserv que deixou de funcionar de uma hora para outra, surpreendendo a todos, tanto os apoiadores quanto a quem era contrário a ele.
Seguindo este fato, o do próprio SISCOSERV tinha como função mostrar e declarar todos os serviços que uma empresa prestava a partir de um valor limite, ou seja, os considerados “Intangíveis” a Receita Federal. Tal serviço deixou de ser útil quando o próximo passo será a criação e obrigação de todas as empresas prestadoras de serviço em fazer as suas devidas Notas Fiscais de Serviço, vinculando diretamente os mesmos a Receita Federal.
E costumeiramente é fato dizer que os serviços aduaneiros de hoje em dia evoluíram rapidamente e tem muito campo para evoluir ainda. Passamos a entender que o dinamismo terá que obrigatoriamente fazer parte da vida do operador logístico e de seus parceiros de negócios, como importadores, exportadores, tradings, agentes de carga, seguradoras e etc.
Uma visão clara disto é a própria fonte de busca de NCMs, onde anteriormente tínhamos o próprio Siscomex e hoje em dia podemos nos alimentar de outras fontes, do próprio governo ou privadas, que assim que o próprio é mudado, é atualizado simultaneamente.
E o que houve de mudança recentemente?
Simples dizer, são evoluções que almejam melhorar e dinamizar a área, como por exemplo, a recente queda de obrigatoriedade de 93 NCMs de Licença de Importação (LI), desburocratizando o processo e assim tornando-o mais rápido.
Outro fato bem recente é a possível mudança no Radar, ou seja, o governo quer “ouvir o povo” em uma consulta pública e, que pode acarretar em queda do Radar para pessoa física e a substituição de algumas regras para o radar expresso, limitado e ilimitado, voltando a serem como antigamente, os chamados radares simplificado e ordinário, ou até mesmo apenas um radar ordinário que terá que ser renovado de tempos em tempos.
Outra mudança que tende a acontecer é a PIX em transferências de montantes eletrônicos, ou seja, caso o importador precise pagar um despachante aduaneiro por um numerário, o montante será transferido automaticamente, fazendo com que a facilidade de movimentação de dinheiro seja aplicada. Tal mudança fará com que os pagamentos de armazenagens a
armadores e prestadores de serviço seja imediata, fazendo com que a carga ao importador, como no exemplo dito, seja disponibilizada de imediato.
Mas e em relação a importância do aprendizado?
De fato, o aprender e o saber correm juntos, principalmente nesta área, onde os profissionais saem “crus” de cursos e faculdade e precisam aprender com a vida, pegando a “malandragem” e o jogo de cintura da área, ou seja, como agir com situações que não são mostradas na teoria.
Cada novo aprendizado, cada nova experiência fará com que o profissional tenha em suas mãos as soluções para os desafios mais complicados da área, como a solução de um canal cinza em importação, o cancelamento de notas fiscais eletrônicas após o prazo ou até mesmo um incidente como perda de carga por roubo, acidente ou furto.
Outro fator importante a ser dito também é que o fato de “aprender” também tem a ver com pessoas, ou seja, ser menos “robôs” e mais politizados quando tratam-se de falar com fiscais da Receita Federal para a liberação de carga ou até mesmo o questionamento em relação a alguma multa aplicada ou novo processo de drawback a ser feito.
Passando por estas situações também temos o fato do Comex mudar frequentemente, fazendo com que o profissional viva estudando e se atualizando e, disposto ao novo, como por exemplo, o programa “Importador OEA” que substituiu a tão famosa “Linha Azul” que era pouco utilizada por empresas por ser tão complexo.
Uma coisa é fato, existem campos impressionantes a serem explorados e estão disponíveis a todos, basta se empenhar e ir atrás de conhecimento. Fazendo um grande adendo, a informação hoje em dia simplesmente voa e pipoca em segundos e todos tem acesso, basta apenas diferenciar o que é verdadeiro das também chamadas “fake news”.
Muita coisa vai mudar ainda?
E não tem como não, esta fase do mundo de pós-covid mostrou a população de todos os países que a vida precisa ser mais simples e rápida e que uma informação colocada na China, no segundo seguinte está no Chile, do outro lado do mundo.
Outro ponto é dizer que as burocracias vão e devem cair, como por exemplo os processos parametrizados em canais diferentes de verde façam com que os fiscais da RF que tiveram estes processos designados e destinados a eles não precisem mais sair de casa e façam a análise física por vídeo conferência e a análise documental apenas recebendo a documentação em pdf, assinada e assinando-a digitalmente.
Outra mudança aduaneira eminente tem a ver com as reformas governamentais (fiscal e administrativa) que farão com que a carga tributária seja mudada, no caso da tributária e haja a desoneração de folha de pagamento para servidores públicos, no caso da administrativa.
Outra situação que deve mudar tudo também são as constantes mudanças nas leis, NCMs e novos acordos Bilaterais e Multilaterais que acontecem, fazendo com que novas situações como diminuição de impostos ou isenção dos mesmos venham e simplifiquem a vida do importador e do exportador.
Quais as sugestões para o futuro?
Em relação ao profissional de comex, nunca parar de estudar e de se atualizar, já que vem vindo uma nova geração que tem o chamado “sangue nos olhos”, doida para aprender e que não mede esforços para isto. Aos antigos, resta a experiência e a sabedoria para fazer com que a situação atual não seja um inferno.
Em relação a sistemas e operadores, é estar prontos a todas as mudanças que acontecem prontos também a “ir a campo” e ver como aquilo pode mudar a vida.
E por fim, quanto a nossa área adotada tão explorada é em relação a facilitação e desburocratização de situações, como a queda de reconhecimento de firmas por assinaturas digitais, a simplicidade na transmissão de informações e a resolução de desafios apenas por um celular, na palma da mão de todos.
Comex é uma área incrível e simplesmente ainda estamos no começo. Então topam aprender mais e estarmos abertos ao futuro?
Thiago Pagano:
Apaixonado e entusiasta de comércio exterior e atuante há mais de 15 anos na área, Thiago é especialista na área de comércio exterior, principalmente em importação e exportação (área de comércio exterior) dentro de empresas, além de ter criado o canal no Youtube, o ComexFacil, que visa mostrar que importar e exportar não é tão difícil e, hoje em dia vive como consultor de comércio exterior para empresas, especializado em pequenas empresas.