Quem acompanha o comércio exterior de perto sabe o quanto as tensões geopolíticas podem impactar os negócios, rotina de trabalho e relações entre empresas.
Segundo dados divulgados a algumas semanas pelo Ministério da Economia, os conflitos ocorridos no leste europeu, por exemplo, foram determinantes para a economia internacional e resultados alcançados pela Balança Comercial brasileira.
Há inúmeros outros pontos de tensão geopolítica a serem observados pelo planeta e no artigo de hoje iremos destrinchar um pouco melhor alguns dos principais.
O que são as tensões geopolíticas?
A geopolítica se preocupa em estudar questões políticas, geográficas e diplomáticas entre os países. Neste contexto, um dos temas de maior ênfase ao longo dos anos de estudos geopolíticos são os conflitos geopolíticos.
As tensões geopolíticas são, como o próprio nome diz, possibilidades reais de conflitos eminentes ou que já estão em curso, podendo ser um conflito interno (guerra civil) ou externo, conflito internacional.
Por isso, as tensões geopolíticas são antes de necessariamente uma guerra declarada, mas um desencontro de interesses que poderá culminar em um conflito aberto ou sanções internacionais.
Por que as tensões geopolíticas ocorrem?
Há diversos fatores motivadores das tensões geopolíticas, mas organizamos abaixo uma lista dos principais motivos:
- Disputa territorial;
- Competitividade econômica;
- Diferenças culturais;
- Aspectos religiosos;
- Interesses políticos.
Qual o seu impacto?
Entender sobre as tensões geopolíticas é uma boa maneira de “ler” o mercado internacional a despeito dos seus pontos críticos de sucesso.
Como já citamos no início do texto, o exemplo do conflito no leste europeu provou profundas alterações no panorama internacional, gerando inflação mundial, recessão economia, redução da produtividade, crise energética, desabastecimento de matéria-prima e fechamento de portos, fronteiras e aeroportos. Além de todo o impacto social e humano nas vidas dos habitantes dos países envolvidos.
Como pudemos ver, as tensões geopolíticas têm um potencial nocivo muito grande em diversos níveis, por isso é importante estarmos atentos.
Principais tensões geopolíticas para ficarmos atentos em 2023
Ucrânia e Rússia
Motivado pelo interesse russo em anexar ao seu território uma região estratégica da Ucrânia, o conflito iniciado em 2022 e ainda se estende até o momento, ainda pode gerar mais impacto no mercado internacional.
Como últimas consequências divulgadas, a Rússia sofreu sanção que está os impedindo de receber mercadorias estrangeiras que não sejam consideradas prioritárias (perecíveis como alimentos e medicamentos). Companhias aéreas estão impedidas de realizar voos com cargas de outra espécie por conta das sanções. O mesmo vale para embarques marítimos e terrestres.
Além desta mais recente, o conflito entre Rússia e Ucrânia, além de deixar centenas de mortos, feridos e desabrigados, gerou uma crise econômica global com aumento de preços de alimentos, combustíveis e de fornecimento de energia.
China e Taiwan
A origem deste conflito remonta de guerras civis internas da região há pelo menos 70 anos.
Taiwan possui governo, território e cultura própria, adotando modelo de governo democrático, ao contrário da China que possui uma visão política mais centralizadora e autoritária.
Este conflito de interesses políticos e geográficos fica ainda mais acirrado pelos acenos de apoio dos Estados Unidos à democracia de Taiwan.
O ponto em questão é que Taiwan possui um polo industrial de componentes que são necessários em diversos aparelhos e equipamentos eletrônicos, como computadores, videogames, televisores, sistemas de automóveis, entre outros.
Além disso, Taiwan possui uma localização privilegiada com portos de embarque que estão em uma margem contrária a alguns dos principais portos chineses.
Para se ter uma ideia, a indústria automotiva mundial sofreu uma grande baixa em sua produtividade por conta do desabastecimento de um microchip que é imprescindível para a montagem dos veículos e que é majoritariamente produzido em Taiwan. Com fatores provocados pela pandemia da Covid-19 agravados pelos acenos bélicos realizados pela China e Estados Unidos, afetaram negativamente especulação econômica dos mercados que dependem dos insumos produzidos em Taiwan.
Com um muito provável aumento de influência política do líder chinês Xi Jinping, reeleito para seu terceiro mandato consecutivo, a probabilidade de as tensões aumentarem são bem reais.
Testes de Mísseis nucleares da Coreia do Norte
A Coreia do Norte já é um caso de tensionamento geopolítico que se arrasta a algumas décadas.
O governo ditatorial norte-coreano promove com muita frequência movimentações para demonstração de poder bélico, principalmente se valendo de testes com mísseis nucleares para demonstrar alguma força e se manter relevante dentro do tabuleiro geopolítico.
Isto faz com que os países próximos ao país asiático fiquem em estado de alerta constante, principalmente a Coreia do Sul e o Japão.
Por sua localização, um conflito envolvendo a Coreia do Norte pode ser catastrófico, ainda mais se for levado em conta o potencial nuclear do país.
É importante lembrar que a Coreia do Norte está localizada em um ponto muito próximos a algumas das principais rotas marítimas, imprescindíveis para o comércio internacional.
Pressão do Uruguai para negociar independente do Mercosul
Nosso vizinho sul-americano e importante parceiro comercial, o Uruguai ao final do último ano assinou um Termo de adesão ao Acordo Trans-Pacífico, tratado de livre-comércio que agrega países da Ásia, Oceania e América.
Os demais países membros do Bloco Mercosul – Brasil, Argentina e Paraguai – emitiram um alerta sobre uma possível retaliação ao país em caso de negociação de termos comerciais fora do Mercosul.
A formalização do pedido de ingresso no tratado econômico, que reúne potências mundiais como Austrália, Canadá e Japão, foi anunciada pelo presidente Luis Lacalle Pou, que disse que não recuaria do plano de internacionalização para atender a pressão dos vizinhos continentais.
Na visão dos vizinhos sul-americanos, o Uruguai estaria violando o Tratado de Assunção, acordo que fundou o Mercado Comum do Sul, e o artigo 1.º da resolução que reafirma o compromisso dos países-membros de “negociar de forma conjunta acordos de natureza comercial com terceiros países ou blocos de países extrazona nos quais se outorguem preferências tarifárias”.
Como pudemos ver, os últimos anos nos ensinaram sobre a importância de acompanharmos de perto os acontecimentos globais e estudar sempre os impactos deles em nossas atividades de trabalho.
Em 2023, não deixe de acompanhar nossas atualizações por aqui para não ficar de fora de nenhum assunto relevante para seu negócio.