Logística portuária: o que é, desafios e como impacta na economia do país?
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Logística portuária: o que é, desafios e como impacta na economia do país?

O profissional de Comércio Exterior que realiza importações e exportações sabe o quanto a logística portuária afeta na produtividade e no custo total das operações.

Ela é a razão de passarmos pelas mais tensas situações, tais como conflitos no despacho aduaneiro, infelizes surpresas nas vistorias de carga, embarques rolados, carregamentos e descarregamentos não realizados…

E mesmo que tenhamos 175 instalações portuárias nos conectando por água mundo afora, diversos aspectos negativos atrapalham nossa competitividade perante o comércio mundial, bem como em proporcionar uma redução do preço pago pelo consumidor final.

O profissional de COMEX precisa entender a logística portuária para evoluir na qualidade de suas operações, por isso o artigo vai apresentar os desafios no Brasil e como impacta na economia do país.

O que é Logística Portuária?

container comércio exterior
GREGOR from Pixabay

A resposta estilo 5ª série seria “a logística do porto”, entretanto, não há nada de simples num lugar que recebe veículos por terra e água, movimenta cargas domésticas e de longo curso (ou seja, entre portos de diferentes países), sempre observando a legislação local, aduaneira, marítima e de diversos órgãos públicos ao mesmo tempo.

Ah, tudo isso lidando com os clientes do Comércio Exterior, que são os mais tomados pela urgência.

Para definirmos em poucas linhas:

Logística portuária é a gestão de mercadorias e pessoas, realizada numa infraestrutura que conecta o transporte terrestre e aquático, respeitando os processos administrativos das legislações que afetam a exportação, a importação e a cabotagem.

Vemos a complexidade mesmo que analisando unicamente a gestão de mercadorias, por mais que usemos scanners em contêineres, ainda é necessário abri-los para serviços como:

  • separar,
  • identificar,
  • etiquetar
  • e colher amostra.

Somado a isso ainda pode-se envolver a movimentação de muitas pessoas para o porto funcionar, são os:

  • estivadores,
  • operadores de maquinário,
  • caminhoneiros,
  • despachantes aduaneiros,
  • importadores,
  • exportadores,
  • fiscais de órgãos públicos,
  • polícia federal…

Não citei nem metade dos que encontro ao visitar um porto.

Quais os desafios enfrentados na logística portuária brasileira?

O desafio para a logística portuária brasileira superar está principalmente em nossa infraestrutura.

É vago definir um único problema, mas entenda que, para um porto funcionar com máxima eficiência, é preciso infraestrutura além da área portuária.

Poderia lhe dar diversos exemplos práticos do que sofremos no Comércio Exterior, mas vamos usar o relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial.

importação exportação brasil fórum econômico
Exportações (Verde) e Importações brasileiras anuais – Comexstat

A infraestrutura é o quinto principal fator problemático para fazer negócios no Brasil. Dos 137 países avaliados neste relatório, temos a 73ª melhor infraestrutura mundial

“Septuagésima terceira”, também fiquei pensando em como se pronunciava este número quando escrevi).

E a menção honrosa vai para as 3 primeiras colocadas que com certeza não estão ajudando no desenvolvimento da logística portuária brasileira:

  • Carga tributária;
  • Corrupção; e
  • Burocracia ineficiente.

De qualquer forma, considerando a infraestrutura como sendo o principal desafio, sofremos com os seguintes sintomas e consequências:

A participação do Brasil no comércio mundial é pífia.

Há muitos anos que a atual 10ª maior economia do mundo representa apenas entre 1 e 1,4% do comércio mundial.

E não porque os demais países na frente estão no mesmo ritmo que nós, é por nossa balança comercial que oscila tanto, provando que não temos planejamento a longo prazo.

importação exportação brasileiras
Exportações (Verde) e Importações brasileiras anuais – Comexstat

Igualmente vemos na logística portuária ao consultar a evolução de atracações de embarcações em longo curso, nos portos públicos (vermelho) e privados.

evolução atracações brasileiras
Anuário da ANTAQ

Sobe, desce, sobe, fica na mesma, desce…

Se não temos um constante crescimento no comércio mundial, não conseguiremos desenvolver a necessidade de evoluir na infraestrutura, pois a logística portuária atual teoricamente é o bastante.

Talvez até não seja, mas uma hora a movimentação cairá novamente (sei que o ideal é estarmos com uma infraestrutura melhor que o necessário, mas estou apelando para o que entendo ser a mentalidade brasileira de governar).

Falta de desenvolvimento de áreas portuárias.

Como afirmei anteriormente, áreas portuárias vão além dos portos.

Afinal, a qualidade da logística portuária é comprometida se as condições do transporte rodoviário e aquaviário que ele conecta não estiverem bem desenvolvidas.

Não é raro no Comércio Exterior a transportadora contratada perder o horário agendado a comparecer no porto, porque:

  • Ficou preso no trânsito da rodovia que não é duplicada;
  • Furou um pneu numa cratera apelidada de buraco; ou
  • Teve o caminhão roubado num trecho mal iluminado.

Como os caminhões no ano passado no Porto de Paranaguá que chegaram a esperar até 2 dias para descarregar.

Se os caminhões não conseguem carregar ou descarregar mercadorias nos horários agendados, o fluxo logístico do porto é comprometido e as embarcações precisam aguardar mais tempo que o normal, como em 2018 que precisou aguardar no porto de Santos até 9 dias.

Para portos como Santos e Itajaí, é quase impossível resolver o problema do trânsito, uma vez que não houve planejamento no crescimento dessas cidades que acabaram “engolindo” estes terminais.

porto de itajaí
 

Mesmo relevando a questão de calado (profundidade para atracação, explicação rápida), é possível acreditar que algum dia o porto de Itajaí cresça em movimentação para alcançar o nível que o porto de Santos tem hoje?

Limitadas opções de portos

São mais de 175 terminais todavia, cada um possui uma logística portuária limitada para atender determinados tipos de navio, carga e cliente.

Não consigo filtrar no sistema da ANTAQ os aspectos acima, mas vamos trabalhar com o que temos:

portos no brasil
Localização dos portos no Brasil (Limitado ao Zoom no mapa) – Anuário da ANTAQ

Por exemplo, nem todos os terminais:

  • São alfandegados para receber embarcações em viagem de longo curso.
  • Possuem profundidade de calado para receber todas as embarcações que navegam no Brasil.
  • Recebem navios graneleiros pois são portos dedicados apenas a contêiner.

Visualizando o mapa e considerando os motivos pelos quais afirmo termos poucos terminais, de modo que menos opções.

Consequentemente, menos opções resultam num aumento de preço e limitam a escolha em razão da distância (uma vez que não temos malha rodoviária e ferroviária capaz de supri-la), pergunto:

Quanto um porto mais distante de você precisa ofertar para compensar o seu custo extra de transporte rodoviário?

Quanto precisa e o quanto pretende, pois se você não tem um volume de embarques relevante (como a maioria das empresas que atuam no Comércio Exterior brasileiro), terá que se contentar com a tabela padrão mesmo.

O impacto da logística portuária na economia do país.

O impacto está ligado às operações de exportação e importação (também na cabotagem, mas o foco aqui é o comex).

E ele pode variar bastante conforme o tipo de produto. É fácil diluir o custo portuário na escala, como de grandes embarques a granel, com diversos contêineres ou carros em navio Ro-Ro.

container ro ro
Exemplo de navio Roll On-Roll-Off

Por outro lado, esse custo representará de 30% a 40%, ou mais, em operações menores, como importações LCL (Parte Contêiner) ou de commodities de baixo valor transportadas em contêiner.

Conclusão

É impossível hoje exportarmos ou importarmos por água sem utilizar um porto, então independente do quanto ele impacte economicamente, é essencial que ele oferte um serviço a preço baixo para não encarecer o cliente final, estando ele no Brasil ou fora, que é quem realmente paga por todos os custos.

E para manter este baixo valor precisamos de infraestrutura para realizar a logística com qualidade e mais opções para ajudar no custo das pequenas e médias empresas que operam no Comércio Exterior.

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Artigo escrito por: Jonas Vieira
Consultor de Comércio Exterior e Produção de Conteúdo
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Jonas Vieira

Jonas é graduado e pós-graduado em Comércio Exterior, atua desde 2007 com foco em importação na indústria e comércio, e desde 2018 produz conteúdo sobre a área. É apresentador do podcast Invoice Cast e Co-Fundador da Invoice Content, agência de marketing que atende unicamente empresas de comércio exterior.

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