Você já deve ter lido nos noticiários sobre o cenário econômico norte americano estar passando por uma situação difícil, que a tempos não era sentida. O governo dos EUA luta para equalizar suas contas e tem subido a taxa de juros americana.
Mas por que isso é tão importante e como ela influencia no Brasil?
Para os profissionais do comércio exterior, entender como essa taxa funciona e como ela repercute nos mercados brasileiros é essencial para tomar decisões estratégicas bem informadas.
Neste artigo, abordaremos sobre:
- O que é a taxa de juros americana?
- Como a taxa básica americana se diferencia da taxa Selic no Brasil?
- O que é o FED?
- Como a taxa de juros americana influencia no Brasil?
Compreender esse assunto é fundamental para adaptar estratégias de negócios e antecipar tendências econômicas.
O que é a taxa de juros americana?
A taxa de juros americana, conhecida como Federal Funds Rate, é uma das ferramentas de política monetária mais influentes no mundo todo. Ela representa a taxa de juros de curto prazo à qual os bancos nos EUA emprestam dinheiro uns aos outros, normalmente por um período de um dia.
A taxa de juros americana é uma ferramenta crucial para o controle da oferta de dinheiro na economia. Quando essa taxa aumenta, os empréstimos entre bancos se tornam mais caros.

Isso pode influenciar o custo do crédito para empresas e consumidores, tornando os empréstimos mais caros e desencorajando o consumo e o investimento. Como resultado, uma taxa mais alta pode ajudar a conter a inflação e promover a estabilidade financeira.
Por outro lado, quando se reduz a taxa de juros, os empréstimos entre bancos se tornam mais baratos, o que pode estimular o consumo e o investimento. Isso é especialmente útil em tempos de desaceleração econômica ou recessão, quando a meta é impulsionar o crescimento e o emprego. Por exemplo, durante a pandemia, a maioria dos governos do mundo baixaram suas taxas de juros, a fim de estimular a economia.
As mudanças na taxa de juros americana não afetam apenas os bancos, mas também têm implicações diretas para as taxas de juros em toda a economia mundial, incluindo financiamentos de casas, empréstimos para automóveis, cartões de crédito e vários investimentos.
Diferença com a SELIC
De forma simples, a taxa de juros americana e a taxa Selic são duas taxas de juros de referência, cada uma aplicada em seu país de origem.
Nos EUA, a taxa básica americana é controlada pelo FED (Federal Reserve) – falaremos mais sobre o FED em instantes. No Brasil, a taxa Selic é controlada pelo Banco Central do Brasil.
“Leia também: O que é a taxa Selic?”
Enquanto a taxa de juros americana é uma taxa de curto prazo, a taxa Selic influencia diversas taxas de juros no Brasil, de curto, médio e longo prazo, além de ser usada como referência para títulos do governo e investimentos. Então, o prazo é diferente.
Ambas têm o objetivo de controlar a inflação, estimular o crescimento econômico e manter a estabilidade financeira do ecossistema de seu país.
No entanto, a taxa de juros americana tem um impacto global, enquanto a taxa Selic tem um alcance internacional menos significativo. Veremos o porquê disso no próximo capítulo.
O que precisa estar claro para você é que ambas as taxas são ferramentas fundamentais na política monetária.
O que é o FED?
A taxa básica americana é controlada pelo Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos. Sua principal responsabilidade é manter a estabilidade financeira, controlar a inflação e estimular o crescimento econômico. Para atingir esses objetivos, o Federal Reserve monitora de perto a economia e ajusta a taxa de juros americana conforme necessário.
Os ajustes nas taxas tem os objetivos de:
- Controle da Inflação: uma das principais funções do Federal Reserve é manter a estabilidade de preços. Quando a economia está superaquecida e a inflação é um risco, o FED pode aumentar a taxa básica americana para tornar o crédito mais caro. Isso desencoraja o consumo excessivo e o investimento, ajudando a conter a inflação.
- Estimular o Crescimento Econômico: por outro lado, quando a economia está desacelerando ou enfrenta desafios, o FED pode reduzir a taxa de juros. Isso torna o crédito mais barato e incentiva as pessoas e as empresas a consumirem, estimulando o crescimento econômico.
- Controle do Desemprego: o FED também considera o nível de emprego ao tomar decisões sobre a taxa de juros americana. Quando elas estão mais baixas, podem estimular a criação de empregos, tornando o crédito mais acessível e incentivando as empresas a contratarem.
Como a taxa de juros americana influencia no Brasil?
A taxa de juros americana é uma das ferramentas mais poderosas do FED para moldar a economia dos Estados Unidos e, como os mercados financeiros estão interconectados globalmente, suas decisões sobre as taxas de juros têm um impacto significativo em todo o mundo, influenciando os mercados financeiros, as taxas de câmbio e o comércio internacional.

“Leia também: O acordo de Bretton Woods e a dolarização do comércio mundial.”
O dólar é considerado a moeda mais segura do mundo, fazendo com que a economia de muitos países mantenham reservas dessa moeda. Recentemente, a China vem tentando fazer frente ao dólar com sua moeda, comercializando produtos em renmimbi – sua moeda – e também gastando sua reserva de dólar para atrelar ao ouro.
As principais influências da taxa de juros americana no Brasil são:
- Taxas de Câmbio: uma das formas mais diretas em que a taxa de juros americana afeta o Brasil é por meio das taxas de câmbio. Quando o FED, aumenta as taxas de juros, o dólar americano tende a se valorizar em relação ao real brasileiro. Isso torna as exportações brasileiras mais caras para os EUA e as importações americanas mais baratas para o Brasil.
- Investimentos Estrangeiros: investidores de todo o mundo monitoram de perto as taxas de juros nos EUA. Quando a taxa básica americana aumenta, os investidores podem ser atraídos a investir mais nos EUA, pois o risco é menor e a recompensa vale a pena. Por outro lado, quando as taxas caem nos EUA, os investidores tendem a tentar ter um retorno mais em economias mais frágeis, como por exemplo, o Brasil.
- Fluxo de Capital: mudanças nas taxas de juros nos EUA também afetam o fluxo de capital para e de mercados emergentes como o Brasil. Taxas mais altas nos EUA podem atrair capital estrangeiro, enquanto taxas mais baixas podem resultar na fuga de capital dessas economias, causando volatilidade nos mercados financeiros locais.
- Política Monetária: o Banco Central do Brasil muitas vezes reage às mudanças na taxa de juros americana ajustando sua própria taxa de juros. Isso pode ser feito para manter a atratividade do Brasil para investidores estrangeiros, controlar a inflação ou estabilizar os mercados financeiros locais. Nos últimos anos, o Brasil vem mantendo uma política econômica austera, se antecipando em relação aos EUA.
- Impacto nos Mercados Financeiros e Investimentos: mudanças na taxa de juros americana podem afetar os mercados de ações e títulos no Brasil, bem como o custo do crédito e as decisões de investimento das empresas e dos consumidores.
Conclusão
À medida que desvendamos o impacto da taxa de juros americana na economia brasileira, fica claro que os laços financeiros e econômicos entre as nações são intrincados e interdependentes, no mundo todo.
As decisões tomadas pelo FED reverberam em todo o mundo, afetando diretamente o Brasil. A taxa de câmbio, os investimentos estrangeiros, o acesso ao crédito e a estabilidade econômica são apenas algumas das áreas impactadas.
Neste artigo, você entendeu o que é a taxa de juros americana, como ela se diferencia da taxa Selic no Brasil, qual o papel do FED e como as alterações nos EUA impactam a economia brasileira.
Para os profissionais do comércio exterior, essa compreensão é essencial. O mundo oferece oportunidades e desafios, e o conhecimento de como a política monetária nos EUA pode influenciar suas operações e estratégias é uma vantagem competitiva.
Esteja atento às políticas do FED e como elas podem afetar o mercado de câmbio, o custo do crédito e a dinâmica econômica no Brasil.
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