O Mar Vermelho é uma das vias navegáveis mais importantes para o comércio global, pois junto do Canal de Suez, conecta o Oceano Índico ao Mediterrâneo. Cerca de 30% do volume global de contêineres circulam por suas águas.
Entretanto, recentes conflitos de origens geopolíticas têm afetado a segurança dessa importante rota marítima, e consequentemente impactando na cadeia logística.
Neste artigo, exploraremos informações relevantes sobre o Mar Vermelho, sua importância logística e os desafios enfrentados atualmente na região.
Localização geográfica do Mar Vermelho
O Mar Vermelho está localizado entre a África e a Ásia, estendendo-se por cerca de 1900 km de comprimento, com uma largura máxima de 300 km.
Ao norte é delimitado pela península do Sinai, onde também possui um de seus acessos através do Canal de Suez. Ao leste encontra-se a costa da Península Arábica, e a oeste a costa da África.
Já ao sul está localizado seu acesso através do estreito de Bab al-Mandeb, com cerca de 30 km de largura, que conecta o Mar Vermelho ao Golfo de Aden e ao Oceano Índico.
Os seguintes países possuem fronteiras costeiras com o Mar Vermelho: Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Iêmen, Eritreia, Sudão e Djibuti.
A importância do Mar Vermelho no comércio global
O Mar Vermelho é uma importante rota de navegação, pois, junto do Canal de Suez que está ao norte, estabelece uma conexão entre a Europa e a Ásia.
Para termos uma noção da importância deste corredor logístico, cerca de 12% do comércio global e 30% do tráfego mundial de contêineres passam pela região, transportando mais de US$ 1 trilhão em valor de mercadorias anualmente.
Diariamente, mais de 7 milhões de barris de petróleo cru atravessam o Mar Vermelho. Essa rota é crucial para os países europeus, já que cerca de 40% de suas trocas comerciais passam por ali, incluindo uma quantidade expressiva de importações de petróleo e óleo diesel.
Conflitos na região do Mar Vermelho e impacto na logística
Desde outubro de 2023, as embarcações que trafegam pelo Mar Vermelho têm enfrentado um problema de alto risco: um grupo rebelde denominado houthis têm atacado os navios que passam pela região.
Os houthis são uma milícia que controla a maior parte do Iêmen, e são contrários à Israel e ao ocidente. Por conta do conflito entre Hamas e Israel iniciado em outubro, os houthis iniciaram ataques a embarcações como forma de retaliação.
O foco seriam navios que teriam origem ou destino à Israel, mas o problema escalou para embarcações de qualquer país.
O Iêmen está localizado na entrada sul do Mar Vermelho, no estreito de Bab al-Mandeb, e ali é onde a maior parte dos crimes ocorrem. A geográfica da região, por se tratar de um estreito, facilita as ofensivas dos rebeldes.
Mais de 40 ataques já foram registrados, que envolvem sequestros, lançando mísseis e drones, causando danos às embarcações e morte de tripulantes.
Estes incidentes têm afetado a logística global, tendo em vista o volume de cargas que passam pela região diariamente. Muitas companhias marítimas têm optado por um trajeto alternativo, atravessando o sul continente africano.
Em 5 de janeiro, a companhia marítima Maersk anunciou que tendo em vista os riscos e dificuldades na travessia pelo Mar Vermelho, e com objetivo de resguardar suas operações e tripulantes, alterou sua rota para o Cabo da Boa Esperança, contornando a África.
Esta mudança nas operações significou um aumento no tempo de trânsito e gerou custos adicionais nos fretes, que são repassados a importadores e exportadores.
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A importância estratégica do Canal de Suez
O Canal de Suez liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, tornando a conexão entre os portos da Europa e Ásia mais curtos.
Esta redução da distância resulta em diversos benefícios para a logística global, como a diminuição de custos relacionados à navegação e combustível, um menor tempo de trânsito, e uma menor emissão de gases poluentes.
Sem este atalho na navegação, os navios com origem ou destino a Europa, teriam que atravessar o Cabo da Boa Esperança, no sul do continente africano, causando um adicional de até duas semanas na jornada.
Desde que foi finalizado em 1869, o Canal de Suez se tornou uma das rotas de navegação mais importantes e utilizadas no mundo. Em 2023, foi estimado que mais de 21,5 mil embarcações passaram pelo Canal, em torno de 59 ao dia, este número representa 12% do comércio global.
Desafios e soluções para a navegação
A navegação no Mar Vermelho tem se tornado uma travessia perigosa, ocasionando desequilíbrio na logística internacional, já que ali é uma localização estratégica.
Diante desse cenário de ameaças, os Estados Unidos, juntamente com outros países, estabeleceram uma operação militar destinada a proteger os navios que transitam pela área. Essa medida visa garantir a segurança das embarcações, sua tripulação, e garantir o fluxo da navegação.
As empresas que dependem de mercadorias e insumos transportados pela região, também enfrentam desafios logísticos, como a necessidade de manter níveis mais altos de estoque devido à imprevisibilidade das entregas e o aumento do tempo de trânsito das mercadorias.
Além disso, medidas adicionais de segurança ou mudanças nas rotas dos navios acarretam custos logísticos mais elevados, os quais muitas vezes são repassados aos consumidores.
Por conta desses desafios, há a necessidade de um gerenciamento da cadeia logística que se adapte às crises e garanta a continuidade das operações de forma segura e eficiente. Possuir estratégias flexíveis torna-se essencial para minimizar os impactos negativos deste tipo de acontecimento.
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O futuro da logística através do Mar Vermelho
Os houthis informaram que poderiam repensar seus ataques no Mar Vermelho, caso Israel encerrasse sua atuação no conflito na Faixa de Gaza.
Os Estados Unidos, por sua vez, classificou os houthis como um grupo terrorista, e junto de uma colaboração com o Reino Unido, os atacaram diretamente. No entanto, existe a preocupação com a escalada do conflito, especialmente devido ao apoio do Irã a esse grupo rebelde.
Até o momento, não há um rumo definido no qual a situação irá se desdobrar.
Dessa maneira, notamos ao longo do artigo como o Mar Vermelho, por conta de sua localização geográfica, é essencial na manutenção do fluxo contínuo do comércio internacional e o abastecimento dos países.
Entretanto, a atuação criminosa dos houthis têm despertado preocupação global, especialmente entre as empresas de navegação que operam na região, onde suas tripulações e embarcações enfrentam sérios riscos.
Além dos crimes, essa situação tem gerado atrasos no tempo de trânsito das mercadorias e nos custos de frete, afetando os envolvidos no comércio internacional e o consumidor final.
A colaboração internacional entre os países, por sua vez, tem o papel de resguardar a segurança na região, enquanto os ataques não cessam.
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