A dolarização da economia argentina é um fenômeno que ocorre há anos, afetando a vida da sua população bem como enfraquecendo o peso, sua moeda nacional.
A falta de confiança na moeda local prejudica a capacidade do governo de implementar políticas econômicas eficazes e de estabilizar a economia. Quanto mais o governo tenta evitar a saída de divisas, mais políticas econômicas e cambiais com efeitos nulos são criados.
Neste artigo, discutiremos as razões por trás da dolarização da economia argentina, os efeitos dessa dependência do dólar e quantidades de cotações em dólar que o país possui. Também abordaremos as implicações da dolarização para a vida dos argentinos e para a economia como um todo, bem como as perspectivas para o futuro da economia de nossos hermanos.
O que é a dolarização da economia Argentina?
A dolarização da economia argentina ocorreu quando o dólar americano começou a ser transacionado como se, de fato, fosse a moeda oficial do país argentino, com muitas transações comerciais e imobiliárias realizadas em dólares e muitos argentinos mantendo suas economias também em dólares, como forma de proteção contra a desvalorização do peso.
Embora a dolarização não tenha ocorrido oficialmente, ela aconteceu como resultado de décadas de instabilidade econômica e inflação descontrolada, que levaram muitos argentinos a preferir o dólar como meio de troca e reserva de valor.
Como resultado, o governo argentino tentou implementar medidas para controlar a inflação, como a indexação dos salários e preços e a criação de uma nova moeda, o peso convertível, que estava atrelado ao valor do dólar americano.
Embora a dolarização tenha proporcionado aos argentinos uma maior estabilidade econômica e proteção contra a desvalorização do peso, ela também trouxe consequências significativas para a economia do país, como a vulnerabilidade às flutuações do câmbio e à política monetária dos Estados Unidos.
Quando a Argentina dolarizou sua economia?
Nas décadas de 80 e 90, a Argentina passou por um período de grande instabilidade econômica e inflação descontrolada.
O governo argentino implementou diversas medidas para controlar a inflação, como a indexação dos salários e preços, o congelamento de preços e a criação de uma nova moeda, o peso convertível, que estava atrelado ao valor do dólar americano. No entanto, essas medidas não foram suficientes para estabilizar a economia e a inflação continuou a aumentar.
Como resultado, muitos argentinos começaram a preferir o dólar como meio de troca e reserva de valor.
O governo tentou frear essa demanda, limitando o acesso ao dolar, o que levou a um mercado paralelo de câmbio, onde o dólar era negociado a preços mais elevados que a taxa oficial.
Apesar de não ter ocorrido oficialmente a dolarização da economia argentina, o dólar se tornou uma moeda de fato na economia argentina.
O conceito de economia bimonetária foi usado pela primeira vez pela ex-presidenta e atual vice, Cristina Fernández de Kirchner, em dezembro de 2017, durante uma sessão na Câmara de Senadores.
“Leia também: O acordo de Bretton Woods e a dolarização do comércio mundial“
Impactos da dolarização na economia Argentina
A dolarização da economia argentina teve diversos impactos na economia do país.
A economia argentina ficou muito exposta às flutuações de câmbio, e qualquer mudança na taxa, causava instabilidade nos preços dos produtos importados e exportados, bem como na dívida externa do país.
A falta de confiança na moeda local inibiu a capacidade do governo de implementar políticas monetárias eficazes e de estabilizar a economia. Além disso, a indexação de preços e salários em dólar tornou a inflação ainda mais difícil de se controlar.
Muitos problemas de tributação e de controle de fluxo de capital aconteceram. Várias empresas quebraram.
Quantos tipos de dólares a Argentina tem?
Por incrível que pareça, atualmente são 15 tipos de dólares. Mas corremos o risco de ter uma informação desatualizada, dependendo de quando você ler esse artigo.
São eles:
- Dólar do atacado (mayorista), sendo a taxa de câmbio oficial do governo.
- Dólar de varejo (minorista), sendo o dólar que os bancos vendem para seus clientes.
- Dólar solidário, aplicando-se a sobretaxa de imposto de 65% para compra de passagens aéreas, por exemplo.
- Dólar paralelo (blue), bastante negociado por cambistas nas ruas de Buenos Aires.
- Dólar turismo, sendo a cotação usada para compra no cartão de crédito.
- Dólar turismo para estrangeiros, limitada a US$ 5 mil, onde os visitantes podem trocar seus dólares sem recorrer ao mercado paralelo.
- Dólar MEP, aplicada no mercado de ações.
- Dólar cripto, para quem opera com criptomoeda.
- Dólar Netflix, para pagar por serviços de streaming.
- Dólar soja, sendo a taxa de câmbio recebida pelos exportadores que recebem pagamentos em dólares.
- Dólar Senebi, para corretoras.
- Dólar Catar, para compra de passagens e pacotes de turismo no exterior.
- Dólar Coldplay, para pagar artistas internacionais que façam show na Argentina.
- ADR em dólares, que são operações utilizadas apenas por empresas que operam no exterior.
- Dólar Cedear, usado por empresas em operações de títulos comprados em pesos e conversíveis em moeda estrangeira.
Quais as críticas e defesas sobre a dolarização Argentina
A dolarização da economia argentina é um tema controverso, e há críticas e defesas em relação a essa política.
Algumas das críticas são a perda da soberania monetária, ou seja, limitando a capacidade do governo em implementar políticas econômicas eficazes. Junta-se a esse problema a vulnerabilidade das flutuações da moeda americana e a restrição ao desenvolvimento do setor produtivo, já que a valorização do dólar pode tornar os produtos argentinos menos competitivos no mercado internacional.
Já nas defesas, os argentinos alegam que se protegem contra a inflação e atraem investimentos estrangeiros, devido à confiança no dólar.
“Leia também: Panorama das importações e exportações do Brasil em 2022.”
Qual a situação econômica da Argentina hoje?
Atualmente, a situação econômica da Argentina é desafiadora. Desde a crise financeira de 2001, a economia argentina tem enfrentado altos níveis de inflação, déficits fiscais, restrições no acesso ao crédito internacional e instabilidade política.
Em 2018, a Argentina passou por outra crise cambial, que levou o governo a buscar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter um empréstimo de US$ 57 bilhões. No entanto, o acordo foi criticado por alguns setores da sociedade, que argumentam que as políticas de austeridade impostas pelo FMI afetaram negativamente os setores mais vulneráveis da população.
Em 2019, o governo argentino mudou e a nova gestão liderada por Alberto Fernández iniciou um processo de renegociação da dívida externa e implementou medidas para enfrentar a crise econômica e social. No entanto, a pandemia de COVID-19 afetou ainda mais a economia argentina, que já vinha enfrentando uma recessão.
Em 2020, o PIB argentino teve uma queda de 9,9% e a inflação se manteve em níveis altos. Os anos de 2021 e 2022 não foram diferentes e a inflação continua a níveis altíssimos.
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A dolarização da economia argentina é uma política complexa. Atualmente, a Argentina enfrenta desafios econômicos significativos, incluindo a necessidade de estimular o crescimento econômico, reduzir a inflação e lidar com a dívida externa.
Quanto à dívida pública do país, 70% são compromissos dolarizados. Para efeitos de comparação, no Brasil, apenas 12% da dívida pública é exterior.
A Argentina é o país latino-americano que apresenta a maior diferença entre o dólar oficial e o dólar paralelo, chegando a mais de 110%.
Os exportadores do país são persistentemente neutralizados pelo déficit gerado pela balança de rendimentos de investimentos, ou seja, pela saída líquida de dólares para remunerar o capital estrangeiro investido no país.
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